segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Cláudio Guerra: um matador que se diz em busca da paz

Ex-delegado do DOPS afirma que resolveu confessar seus crimes na ditadura depois de se converter à igreja evangélica

Tales Faria, iG Brasília | - Atualizada às


O ex-delegado do DOPS (Departamento de Ordem Político Social) do Espírito, Santo Cláudio Antônio Guerra, afirma que resolveu confessar seu envolvimento em crimes durante a ditadura militar devido a um conflito de consciência.
Após passar sete anos na cadeia sob acusação de ter matado um bicheiro, Cláudio Guerra converteu-se ao cristianismo e, hoje, aos 71 anos, é um preletor da Igreja Assembleia de Deus que costuma citar em suas pregações o seus “pecados do passado”.

Os jornalistas Rogério Medeiros e Marcelo Netto contam, no livro “Memórias de uma guerra suja”, que Cláudio Guerra tornou-se famoso no início dos anos 70 no Espírito Santo como um ardiloso e implacável combatente da bandidagem às custas de mais de 35 execuções de acusados de crimes comuns.

Ele próprio confessa outras 40 mortes anteriores “de pistoleiros e lideranças camponesas”, no início da carreira policial em Minas Gerais.

(srsrs  ele se converte mas continua o mesmo - desde quando quem luta pela terra é bandido?)

“Se lá (em Minas) servi às elites rurais, (aqui) no Espírito Santo prestei serviço às suas elites políticas”. (

Os jornalistas afirmam que era comum Guerra ser homenageado e cortejado pelo mundo político e empresarial. Seu gabinete no DOPS era frequentado por dois governadores do período da ditadura militar: Élcio Álvares e Eurico Rezende.

Mas as suspeitas de que teria matado uma colunistas social dos jornais locais acabaram atraindo a mídia nacional para o Estado. E a imagem do delegado se deteriorou. O próprio Rogério Medeiros foi autor de uma reportagem demolidora contra o delegado no “Jornal do Brasil”.

Guerra terminou preso pelo assassinato do bicheiro Jonathas Borlamarques de Souza – que ele diz ter sido morto por outro policial a mando de dois coronéis que comandavam a Secretaria de Segurança e o Departamento de Polícia. Obteve ainda uma condenação a 18 anos – que está suspensa judicialmente – pelas mortes de sua primeira esposa e da cunhada.

Mas ele também afirma não ter participado desses dois assassinatos. Ao longo do livro, no entanto, o velho delegado admite muitos outros assassinatos.“Fui condenado por um crime que não cometi. Mas mereci a condenação pelos meus outros crimes”. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...