quarta-feira, 20 de março de 2013

Um passo à frente na apuração da morte de Jango



Publicado em 19-Mar-2013
 Um passo à frente digno de aplauso a decisão da família Goulart ao comparecer à sessão da Comissão Nacional da Verdade (CNV), realizada nesta 2ª feira (ontem) em Porto Alegre, e autorizar a exumação do corpo do ex-presidente João Goulart - Jango (foto). Ele foi o único presidente brasileiro a morrer no exílio e sua morte na Argentina em 6 de dezembro de 1976 está envolta em suspeitas, até hoje, de que tenha sido um assassinato cometido pelos militares no curso da Operação Condor, a aliança que uniu as ditaduras do continente naquela década, na repressão a seus opositores.

Representantes do Ministério Público Fdederal (MPF) presentes à audiência pública da CNV acreditam que a exumação pode ser feita em breve e que para tanto é necessários ouvir o médico que atendeu o ex-presidente após a sua morte (em Mercedes, Argentina) e levantar junto com a Polícia Federal (PF) a lista de possíveis substâncias químicas que poderiam ter causado a morte de Jango.

Um neto do ex-presidente, Christopher Goulart - que junto com a filha do ex-presidente, Denise Goulart, autorizou a exumação -, considerou a medida extremamente importante para "esclarecer os fatos" à família e ao país. Os familiares de Jango acreditam que 16 substâncias poderiam ter provocado o ataque cardíaco, causa até agora oficial da morte de João Goulart.

Único presidente brasileiro a morrer no exílio


"É um dever do Estado fornecer todos os meios para uma investigação sobre as causas da morte de Jango", disse a filha do ex-presidente, Denise Goulart.  Em discurso durante a audiência pública  em Porto alegre, a ministra secretária de Direitos Humanos, Maria do Rosário, defendeu mais investigações sobre a morte do ex-presidente. Para ela é "muito clara" a possibilidade de que o ex-presidente tenha sido assassinado.

Pela versão oficial imposta pela ditadura militar, ele foi vítima de um ataque cardíaco em 1976, pouco depois de trocar o exílio inicial no Uruguai pela Argentina. Mas, à época da morte, os militares da ditadura impediram a realização de uma autopsia, resistiram e não queriam que ele fosse sepultado em sua terra natal, São Borja (RS).

A família do ex-presidente acredita que ele tenha sido envenenado e no depoimento à CNV ontem queixou-se de que há muito atraso da apuração. Desde 2007 há uma Ação Civil Pública instaurada para apurar as causas da morte de Jango. A maior suspeita é de que ela esteja no bojo da Operação Condor. O caso foi retomado e voltou a tramitar desde o ano passado.

Ditadura não queria autorizar sepultamento de Jango no Brasil

Durante a audiência pública da CNV, ontem, a Lei da Anistia, que veta a punição de crimes ocorridos durante o regime até 1979, também foi criticada. Principalmente o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que em 2010 manteve a sua validade e como anistia recíproca, contemplando também torturadores, assassinos e demais criminosos que atuaram em nome da ditadura militar.

Como sempre escrevemos aqui, pode até demorar, mas a verdade - no rumo da qual se dá mais um passo agora, no caso do ex-presidente - mais cedo ou mais tarde vem à tona. Não adianta torturadores, assassinos e criminosos da ditaduta se alegrarem ou se sentirem tranquilos, porque o processo é inexorável. Assim, como em relação a esta Lei da Anistia. Não sei ainda como, mas um dia ela será revista.

(Foto: Galeria Presidência da República)

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